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mínimo
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tarde

o amor consome

            o que está

            o que não está

            a falta de amor

tarde

o amor consome

            dois olhos lambendo os postes de luz acesos

            teu corpo girando em direção ao mar

            sentar na porta de casa, sem as chaves

tarde

o amor consome

            as coisas que inventei sob um céu estrelado

            a fumaça atravessando a garganta, lentamente

            os ruídos que invadem o quarto

tarde

o amor consome

            os insetos que pintam abismos na madrugada

            o despreparo das manhãs

            imaginar uma pessoa que esquecemos

                                   que não esquecemos

tarde

o amor consome

            este estar sozinha sempre

            as próteses dentárias rachando

            a dor de cabeça crônica

            todas as coisas boas

            todas as coisas ruins

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© 2020 por Julia Bicalho Mendes

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